quarta-feira, 28 de abril de 2010

Interrogaçoes sobre o que é a bruxaria brasileira....


Nem toda mistura é boa e dá certo, no Brasil tivemos a sorte da combinação de alguns elementos como as raças primevas na construção desse país, ao menos no que falamos na construção racial e cultural do Brasil.

Em todo o país formou-se uma culinária típica unindo o que tínhamos em cada região com o que o europeu trazia de informação e o que os negros nos acrescentaram em ingredientes, tais ingredientes foram acrescentados a uma mistura de crenças e de sabores e muita simpatia dos nossos indígenas, e que por conseqüências essas coisas enfeitam a mente de quem vive e de quem passa por aqui.

Ao falarmos de crenças retratamos a coisa dos três povos e suas definições de religiosidade, o Europeu que trouxe o romantismo e a fidelidade, o indígena que prega a utilidade e a reverencia, e o negro que veio com crença, força e poder. Todas as três com algo em comum a fé, e por que não acrescentar algo necessário o conhecimento, para que possamos sair do mar de escuridão que ainda permeia a mente desses três povos.

Definir uma pratica de bruxaria especifica para o Brasil ainda é complicado, pois é algo em formação, é uma cultura emergente no nosso país, e por que se apegar ao que é indústria cultural? E não tentar formar uma identidade. Não seria mais interessante escutar o coração das nossas terras? Por que “Celtificar” tanto nossa cultura. Já que os povos Celtas eram tão bárbaros e tão pagãos quanto nossos "selvagens bugres", nossos índios.

Vamos ouvir o que o cerrado nos fala, vamos ver o quão bela é nossa caatinga, e o que ela pode nos ensinar, observar que podemos saber quando vai chover e quando fará sol, não era isso que os antigos povos faziam? Tentar descobrir por que matas tão fechadas ainda existem em nosso país, e não falo de nacionalismo, nem faço apologia a Amazônia, só digo que seria interessante que pudéssemos para pra ouvir o que os espíritos dos nossos ancestrais tem pra nos dizer, mesmo que eles nunca tenham sido brux@s, precisamos acreditar no que falou Lelland, e Gardner, e ainda mesmo Cunningham, mas também vamos ver o que Katxruréu tem pra nos dizer, celebrar Mani em sua Abundância, ou menos tentar enxergar que culto misterioso é esse que só mulheres participam e por que elas são conhecidas como "as terríveis", ou mesmo "As senhoras pássaro da noite" ou ainda Iyami Osorongá, mais ainda assim não deixemos de ouvir o canto da Dama da roda de prata, Nem daquela que caça nos prados e é conhecida como a rainha das bruxas na Itália, acredito que também andou por nossas pastagens, que caminhou em meio a pequizeiros e pés de açaí, pôde beber o vinho do jatobá ou do jenipapo para celebrar.

O que digo, pode parecer uma visão vulgarizada de uma mãe tão colocada num pedestal de Beltane, e não evoco um nacionalismo quando digo essas palavras só quero que observem que estamos nos guiando por caminhos já feitos, já trilhados, por que não embasar o nosso caminho e tentar descobrir uma identidade para as nossas práticas, por que não podemos enxergar nossas duas únicas estações e estar satisfeitos com ela, a da chuva ou da seca, ou o frio e o calor, ou mesmo da enchente ou vazante, por que não observar que podemos plantar no dia de São José e colher em meados do dia de Santo Antonio.

Enxerguemos o que cada povo nos fala, e vamos criar famílias que passam a bruxaria de pais para filhos, de forma discreta, não acredito que todos ainda estejam preparados pra ouvir você dizer eu sou bruxo, sejamos coerentes para que possamos defender nosso propósito e não tentar fazer todo mundo engolir e empurrar pra "descer goela abaixo" acho que temos o que falar, mas a doçura e a lucidez são as melhores armas para fazer com que alguém nos leve a sério e venha a acreditar que somos sérios.

Façamos nossas próprias identidades e em breve seremos “os Silva”, ou “Santos”, ou mesmo os componentes do clã "de Jesus" que serão conhecidos como as famílias brasileiras que possuem uma visão sobre a bruxaria, possuem tradições de inestimável valor para o culto dessa arte.

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